Inma propõe Hotel de luxo e ecoparque em Santa Teresa
Terreno onde seria construído hotel de luxo em Santa Teresa vai ganhar ecoparque. Santa Teresa vai ter ecoparque com mirante de aves, QR Code em árvores e área de piquenique. Essa é uma das expectativas do diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica para a área, caso seja confirmada pelo governo do Estado a doação […]
Terreno onde seria construído hotel de luxo em Santa Teresa vai ganhar ecoparque.
Santa Teresa vai ter ecoparque com mirante de aves, QR Code em árvores e área de piquenique.
Essa é uma das expectativas do diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica para a área, caso seja confirmada pelo governo do Estado a doação do terreno de 100 mil m² onde está localizado o Parque Temático Augusto Ruschi e a antiga residência de inverno do governador.
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Imagens do Parque Temático Augusto Ruschi, que vai abrigar um ecoparque: no local seria construído um hotel de luxo, mas Sesc recuou
O deputado Gandini recebeu o diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica, Sérgio Lucena, em seu gabinete: o parlamentar propôs lei para revogar doação de terreno ao Sesc
Por Gleberson Nascimento
A área de 100 mil metros quadrados (m²) onde está localizado o Parque Temático Augusto Ruschi e a antiga residência de inverno do governador vai abrigar um ecoparque com trilhas ecológicas sinalizadas, código de barras que pode ser escaneado por celular (QR Code) nas árvores, espaço interativo para estudantes, mirante de observação de aves, um local para eventos e uma área de piquenique para as famílias de Santa Teresa.
Pelo menos essa é a expectativa do professor Sérgio Lucena, diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica (Inma), a quem será cedida a área, conforme declarou o governador Renato Casagrande (PSB), após o Serviço Social do Comércio (Sesc) ter informado que desistiu de construir um hotel de luxo no local – com 280 apartamentos, parque aquático e estacionamento para 2 mil veículos –, e que a área será devolvida ao Estado.
“Tivemos três momentos importantes. O primeiro foi o anúncio do Sesc de que devolveria o imóvel ao Estado. Logo em seguida, o governador anunciou o interesse em ceder o espaço ao Inma. E, agora, o deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania) protocolou um projeto de lei (PL) para facilitar o retorno do imóvel para o Estado e ceder para o instituto. Dependemos da formalização, por parte do Sesc, ou do projeto ser aprovado e sancionado”, enumerou Lucena.
O professor destacou a atuação do deputado Gandini, ao lembrar que coube ao parlamentar, e também ao movimento Salve o Parque, liderado pela bancária Carmem Barcellos, a realização de duas audiências públicas que evidenciaram o impacto ambiental que um hotel causaria na área, com “uma estrutura pesada de apartamentos, auditórios e estacionamento, o que geraria uma demanda de esgoto e de água”, causando impactos ao meio ambiente.
“Isso fez com que o Sesc, o Estado e a prefeitura refletissem. E agora o deputado entendeu que a nossa proposta para essa área vem ao encontro de um projeto harmônico e que dê um uso adequado. Por isso, entrou com o projeto para revogar a lei que garante a doação da área para o Sesc”, frisou.
Segundo Lucena, Casagrande destacou que, além da estrutura de pesquisa e ciência do Inma, a área tem de abrigar um equipamento que seja aberto ao público e que atenda à comunidade local. Por isso, a ideia é valorizar os atributos naturais do espaço, tanto na arquitetura quanto nos usos, para que ele seja voltado para a ciência, educação ambiental e lazer para a comunidade.
“Queremos um ecoparque aberto ao público, que possa receber visitantes da cidade ou de fora, dentro de uma agenda vinculada aos grandes símbolos de Santa Teresa: o meio ambiente, a Mata Atlântica, Augusto Rushi e os beija-flores”, declarou, lembrando que o objetivo é reforçar o perfil ambiental, de conservação da biodiversidade que o município tem, e que precisa valorizar.
“Então, estamos propondo criar um campus de pesquisa, a infraestrutura de ciência do Inma e o Ecoparque Augusto Ruschi, que possa interagir com a sociedade”, contou.
O diretor lembrou que “trilhas na mata, arvorismo e torre de observação são possíveis naquele espaço”, mas fez uma ressalva: a de que grande parte da área é vegetada, ou seja, de preservação ambiental, e que por isso não pode ser impactada.
“Não é possível mexer em 85% da área. E, além disso, será necessário restaurar as margens do rio que passa no local. Então, a parte em que se pode construir, fazer estacionamentos para carros e ônibus, é restrita. Por isso, teremos de pensar em atividades ecoturísticas de baixo impacto”, explicou.
Indagado se o Inma – que é ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia – teria condições de investir no local, Lucena sinalizou positivamente e anunciou dispor de recurso de uma suplementação, no valor de R$ 1 milhão, somente para projetos arquitetônicos e executivos, para contratar a empresa que irá desenvolver os projetos de engenharia para a área.
Ufes
Ele lembrou, ainda, de um ato de colaboração firmado com o Laboratório de Planejamento e Projetos, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O laboratório é coordenado pela professora Cristina Engel de Alvarez, que irá fazer um anteprojeto para utilização da área, com espacialização, levando em consideração as características ambientais, a restauração ecológica e a preservação dos recursos naturais.
“O laboratório fará também a definição dos espaços e possíveis equipamentos para o ecoparque, que será aberto à visitação pública, por meio de turmas agendadas ou o franqueamento do acesso, com uma programação que valorize a natureza”, destacou Lucena.
Em 2010, no primeiro mandato de Paulo Hartung, a área foi doada para o Sesc. Na época, estava em vigência a cessão da terra ao município por um prazo de 25 anos, mas apenas cinco anos após o acordo, o ex-governador pediu a devolução do espaço ao Estado.
Na ocasião já havia sido iniciada a construção do Parque Temático Augusto Ruschi ou Parque Ecoturístico de Santa Teresa, com o uso de recursos federais e municipais na casa de R$ 1 milhão. O parque chegou a ser inaugurado em 2012, mas nunca foi plenamente utilizado pela população.