Crime à luz do dia –

Fundação Renova, através da Vale, Samarco e BHP continuam dando o calote nos produtores rurais. As noticias de que a água do rio Doce está contaminada, não podendo ser consumidas e nem que a população coma peixe, não foi nenhuma novidade. Apenas, divulgaram o que todos já sabiam. E a questão não é só essa. […]

crime a luz do dia

Fundação Renova, através da Vale, Samarco e BHP continuam dando o calote nos produtores rurais.

As noticias de que a água do rio Doce está contaminada, não podendo ser consumidas e nem que a população coma peixe, não foi nenhuma novidade. Apenas, divulgaram o que todos já sabiam.

E a questão não é só essa. Os terrenos às margens do rio, estão também sem condições de serem uteis para a agricultura, já que a terra está contaminada com vários minérios, originários do lamaçal que desceu pelo rio em 2015.

Ou seja, o rio Doce que já estava poluído, agora agoniza sob as ordens da Samarco, Vale e BHP, que embora tenham divulgado o gasto de milhões de reais, ainda não indenizaram os produtores rurais dos municípios de Linhares, Colatina, Marilândia e Baixo Guandu.

Sem acordo, sem solução –

O problema vai se agravando pois são praticamente sete anos que ocorreu a tragédia maior do meio ambiente em todo o universo.

Após o desastre criminoso causado pela mineradora Samarco no Rio Doce, agricultores familiares se socorreram em poços da região para irrigar suas plantações e ter água para beber. O que o estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revela é que, anos depois, além do rio, a água subterrânea também está contaminada por altos níveis de metais pesados, que prejudicam o desenvolvimento das plantações e entram na cadeia alimentar, oferecendo riscos à saúde no longo prazo.

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O estudo “Contaminação por metais pesados na água utilizada por agricultores familiares na Região do Rio Doce“, foi coordenado pelo professor João Paulo Machado Torres, do Instituto de Biofísica da UFRJ.

O objetivo foi avaliar se os agricultores ainda têm condições de plantar com água limpa. As margens de rios em Minas Gerais e Espírito Santo sempre foram usadas para a agricultura, onde os produtores coletam a água diretamente do rio. Em casos de desastres como o do Rio Doce, a procura imediata são pelos poços artesianos para manter as plantações. A pesquisa, portanto, é também de segurança alimentar.

Um time de pesquisadores analisou a presença de metais pesados na água em três regiões diferentes da bacia do Rio Doce. As coletas foram feitas em Belo Oriente (MG), com amostras de poços, da água cedida pela prefeitura ou pela Samarco à população, do rio em Cachoeira Escura e nos distritos de Bugre e Naque; em Governador Valadares (MG), foram 16 pontos no distrito de Baguari, além das Ilhas Fortaleza e Pimenta; e Colatina (ES), na parte sul do Rio Doce, a cerca de 427 km de Mariana.

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A realidade encontrada foi de agricultores usando água sem saber que estão com altos níveis de ferro e manganês. Em geral, a mesma para a irrigação é usada também para beber.

Belo Oriente apresentou cinco pontos de coleta com valores de ferro e manganês acima do permitido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Em Governador Valadares houve 12 pontos e, em Colatina, 10 pontos com os valores acima do permitido.

De acordo com o estudo, a água desses locais não é adequada para consumo humano, e em alguns casos, também não se recomenda a irrigação das plantas – situação de alguns pontos de Governador Valadares e Colatina. “Os resultados não são animadores. É preocupante a falta de informação das autoridades em relação a questões fundamentais para a saúde da população”, afirma Fabiana Alves, da Campanha de Água do Greenpeace.

Para saúde, o risco é de acumulação desses metais no organismo ao longo do tempo, considerando as altas doses a que as pessoas estão expostas. O manganês pode causar problemas neurológicos, com sintomas da Síndrome de Parkinson.

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Já o ferro, em quantidades acima das permitidas, está relacionado a problemas enzimáticos que danificam rins, fígado e o sistema digestivo. “Após o desastre, a lama se transformou numa poeira muito fina, que também pode ser inalada. A absorção pulmonar acaba sendo mais eficiente para o manganês”, diz o pesquisador André Pinheiro de Almeida.

“O quadro dessa tragédia deixa uma cicatriz. As questões de água e saneamento precisam ser levadas a sério. Será que essas pessoas não se envergonham do que fizeram?”, questiona o coordenador do estudo, João Paulo Machado Torres.

Agricultura comprometida

A curto prazo, o grande impacto tem sido na agricultura. Os pesquisadores aplicaram questionários com os pequenos produtores rurais dessas localidades para analisar como seus modos de vida foram atingidos pela lama. Segundo o relatório, “88% dos entrevistados afirmaram terem alterado o tipo de cultivo e/ ou criação realizada pela família após o incidente.”

A produção, principalmente de peixes e cabras, foi extremamente afetada pelo desastre, sendo que a criação de peixes ou pesca praticamente desapareceram na Bacia. As culturas e produções afetadas necessitam de altas concentrações de água. “O rio foi ferido de morte”, diz Torres.

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