Serra lidera em população residente em favelas no ES
Estudo revela que 113 mil pessoas moram em favelas na Serra, a maior cidade capixaba em número de moradores em comunidades precárias.

Foto: Divulgação/ Tempo Novo
A Serra, cidade capixaba com o maior número de moradores em favelas, abriga 113 mil pessoas vivendo em condições precárias, segundo o estudo “IJSN no Censo 2022 – Características dos Domicílios”. Este levantamento do Instituto Jones dos Santos Neves destaca a realidade habitacional no Espírito Santo, revelando que a Serra é um dos principais focos de urbanização e ocupação irregular na Região Metropolitana da Grande Vitória.
Entenda o panorama das favelas na Serra
A Serra é a cidade do Espírito Santo que se destaca pelo elevado número de comunidades classificadas como favelas. De acordo com o estudo do Instituto Jones dos Santos Neves, a cidade abriga 113 mil moradores em favelas, o que representa uma parte significativa da população total de 520 mil habitantes. Essa realidade reflete um fenômeno urbano que se intensificou após a década de 1960, quando a instalação do Porto de Tubarão atraiu um grande fluxo migratório para a região.
O crescimento das favelas na Serra está diretamente ligado à urbanização acelerada e à falta de planejamento urbano. Muitas dessas comunidades surgiram em áreas com restrições de ocupação, como faixas de domínio de rodovias e regiões classificadas como de risco ambiental. Apesar da precariedade das condições habitacionais, a maioria dos moradores conta com serviços básicos como água encanada, coleta de esgoto e energia elétrica, o que diferencia a Serra de outros municípios capixabas.
Os dados do censo revelam que mais de 60% dos moradores das favelas se identificam como pardos, evidenciando a diversidade étnica e social presente nessas comunidades. Embora a Serra tenha o maior número de moradores em favelas, a cidade de Cariacica possui uma quantidade maior de favelas, mas com menos habitantes por comunidade. Essa dinâmica mostra a complexidade do fenômeno das favelas na região, onde a densidade populacional é um fator crucial.
Além disso, muitos dos espaços que hoje são considerados favelas passaram por processos de regularização fundiária e receberam investimentos em infraestrutura ao longo dos anos. No entanto, ainda são classificados como favelas pelo IBGE, o que demonstra os desafios persistentes enfrentados pelo poder público na busca por melhorias nas condições de vida dos moradores. Se a população das favelas da Serra fosse considerada uma cidade, ela seria o 10º maior município do estado, atrás de Colatina e à frente de Aracruz, o que ressalta a magnitude do problema habitacional na região.
Impactos da urbanização na população de favelas
A urbanização na Serra teve um impacto profundo na formação e crescimento das favelas, refletindo um fenômeno que começou a se intensificar a partir da década de 1960. A instalação do Porto de Tubarão não apenas alterou o eixo de desenvolvimento da Grande Vitória, mas também atraiu um grande número de migrantes, principalmente de outras regiões do Brasil, como o Nordeste e Minas Gerais. Essa migração resultou na ocupação de áreas irregulares, onde muitas famílias construíram suas casas sem a devida autorização do poder público.
Com o passar dos anos, a urbanização trouxe consigo tanto desafios quanto oportunidades. Por um lado, a pressão populacional nas favelas aumentou, levando a um adensamento significativo e a uma demanda crescente por serviços públicos e infraestrutura. Por outro lado, o município recebeu investimentos em habitação popular e serviços essenciais, como saneamento, saúde e educação, que começaram a melhorar as condições de vida em algumas comunidades.
Entretanto, mesmo com esses avanços, muitas áreas ainda enfrentam problemas estruturais. A falta de planejamento urbano adequado resultou em um crescimento desordenado, com ruas estreitas e falta de espaços públicos. Além disso, a localização das favelas em áreas de risco, como encostas e margens de rios, expõe os moradores a desastres naturais, como enchentes e deslizamentos de terra, especialmente durante períodos de chuvas intensas.
Outro aspecto importante a ser considerado é a questão da identidade e da cultura nas favelas. Apesar das dificuldades, as comunidades se tornaram espaços de resistência e criatividade, onde a cultura local se manifesta através da música, arte e tradições. Essa resiliência é um testemunho da capacidade dos moradores de se adaptarem e lutarem por melhores condições de vida, mesmo diante de adversidades.
Em resumo, a urbanização na Serra impactou diretamente a população de favelas, criando um cenário complexo que envolve tanto desafios quanto oportunidades. O poder público enfrenta a tarefa de equilibrar o desenvolvimento urbano com a necessidade de garantir direitos e dignidade aos moradores dessas comunidades, buscando soluções que promovam a inclusão social e a melhoria das condições de vida.
